Quando a sequência de Tsushima foi anunciada em Setembro de 2024 eu fiquei surpreendido. Não pela iminente sequência do maior blockbuster da Sucker Punch mas pela mudança drástica. O termo fantasma seria expandido para outros cenários e não uma sequência direta da lenda de Jin Sakai.
Como fã do último jogo fiquei um pouco receoso , contudo, pensando nas possibilidades que poderiam acontecer, o fantasma não seria apenas o de tsushima mas uma lenda que pode afetar diversas localidades gerando muito mais contos para se explorar. E dessa vez , somos introduzidos a Atsu e sua alcunha de Onryō. Nas lendas japonesas o termo é usado para definir espíritos de vingança e ódio que voltam ao mundo dos vivos para uma revanche contra aqueles que o fizeram mal. Em certas lendas são atribuídas aos Onryō também certos desastres naturais e também locais que foram amaldiçoados pela influência de um deles. A dualidade desse termo ajuda e muito na construção da personalidade de Atsu no jogo.
Sobre a história
A história se apoia em uma trama de vingança. Atsu e sua família são brutalizados por um senhor de guerra samurai que acabou perdendo uma guerra contra outro clã . O motivo? Seu pai o servia como ferreiro e resolveu desertar para viver a vida em paz com sua família na terra de EZO ou atualmente, Hokkaido. Após o início contextual a jornada de Atsu começa explicando também que nos últimos 16 anos ela fugiu da ilha e se tornou uma caçadora de recompensas , uma ronin por sobrevivência.
Eu confesso que se apoiar em idéias pré concebidas e muito usadas em filmes, séries e jogos pode parecer uma escolha fácil dos produtores mas a execução e o desenrolar são muito bem feitas. A PERSONA de Atsu também condiz com o inferno que ela vive e os inimigos e o vilão principal em si são maléficos ao ponto de você querer matar tudo que vê pela frente. No final é uma história comum e até previsível mas como uma execução e roteiro acima da média se comparado a outros jogos do mercado que já exploraram essa trama de vingança e honra.
Gráficos e Ambientação
Ghost Of Yōtei é lindo. Desde paisagens de tirar o fôlego até a construção de armaduras e materiais em metal e madeira tudo no jogo melhora o que foi visto até então na franquia. Atsu fica banhada em lama e sangue após um combate feroz e a brutalidade dos desmembramentos são muito bem representadas. Há uma melhoria GIGANTE na construção das expressões e dos rostos dos personagens principais.
A ambientação é sublime também superando a já fora de série Ilha de Tsushima. O jogador encontrará campos floridos e arenas de duelos que parecem ter saído de filmes samurai. Vale notar o esforço nas diferentes regiões do Monte Yōtei para criar um senso de variedade muito bem vindo. De regiões costeiras lotadas de praias a uma região mais afastada, lotada de neve e frio é fato que o time da Sucker Punch brilhou muito na construção do mundo do jogo. Claro, ainda existem alguns NPC’S com rostos grosseiros mas são tão poucos os casos que seria injusto comprometer tudo que vi por algo tão raro. Assim como o antecessor você não vai parar de tirar fotos e irá fazer dessa tarefa uma missão secundária pessoal com toda a certeza.
Não é só gostoso de jogar, mas também de ouvir
Música e efeitos sonoros impecáveis. É o melhor trabalho da Sucker Punch. Conseguiram superar o trabalho já quase perfeito do jogo anterior para outro patamar em Ghost Of Yōtei. O barulho incansável das lâminas se chocando em duelos , a natureza viva do Monte Yōtei , vozes dos moradores em vilarejo, gritos de inimigos…tudo aqui foi feito para criar uma imersão fora do normal. Eu jamais poderia deixar de mencionar o quão foda é a sensação de encontrar uma elite de mercenários te caçando no mapa. Uma espécie de tambor é ouvida ao fundo de maneira assustadora até que você encontre seus caçadores.
Se não bastasse todo esse trabalho no que tange a efeitos sonoros, temos a trilha sonora soberba de Toma Otawa com colaborações da cantora Clare Uchima e do FANTÁSTICO Masato Shibata. Masato usa de sua perícia sem igual no shamisen para trazer momentos épicos em duelos e de contemplação quando Atsu encara momentos mais calmos da jornada. Clare Uchima canta em seu idioma nativo em trechos oportunos que farão qualquer jogador ficar espantado com a beleza de sua voz. Cantando o tema final de Ghost Of Tsushima anteriormente, a moça é tão foda que junto do pai dela que é um historiador nato de dialetos japoneses antigos trouxeram as composições uma autenticidade fora do normal. Os produtores quiseram trazer um mix do que seria uma espécie de faroeste americano com um filme samurai japonês clássico e o trabalho desses três grandes músicos passa exatamente essa sensação.
Um pouco da parte técnica
Ghost Of Yōtei TEM 3 modos de renderização de gráficos no Playstation 5 base : Desempenho, Qualidade e Qualidade Ray Tracing. Testei todos e posso afirmar que embora os modos de qualidade se destaquem por enaltecer ainda mais o mundo do jogo apesar das quedas de frame no modo de Ray Tracing, o modo desempenho é tão bom que logo ignorei jogar com uma fidelidade gráfica maior.
É admirável o trabalho da Playstation com seus jogos e saber que todo grande lançamento vai me dar essa opção é simplesmente fora de série. Porém… Bugs aconteceram. Dois conhecidos dos jogadores : Cavalo correndo em disparada quando você o chama e as moedas do jogo Zeni Hajiki sumindo impossibilitando visualizar o tablado e as moedas. Esses problemas não chegaram a prejudicar tanto a experiência e foram devidamente corrigidos no patch da segunda semana, contudo, é relevante mencioná-los aqui como parte da minha experiência. Um curioso que ainda permanece : Se você equipar o quinto slot de armadura e combinações você notára moscas voando ao seu redor. Equipe outro slot e elas sumirão. Inimigos precisam de uma IA mais refinada também e espero que a Sucker Punch melhore mais a qualidade geral.
E o veredito é…
Ghost Of Yōtei é espetacular e para mim é o jogo de samurai definitivo. Com uma estética singular, gráficos estonteantes e combate viciante o jogo com certeza vai figurar dentre os grandes do ano. Para este jogador que vos fala é seu jogo do ano pessoal. As melhorias são notórias, a exploração é muito mais divertida e a música do jogo é simplesmente perfeita. Eu recomendo fortemente que você vivencie a jornada de Atsu e sua transformação na Fantasma de Yōtei .
Sobre o autor: Bruno Castelar é fã de bons videogames, séries e filmes. Acredita que nem tudo que consome tem que ser um ensinamento de vida ou algo perfeito. Fã de Castlevania, Jim Carrey e comédia pastelão.
Agradecemos a ele pelo conteúdo e parceria!!
