Vale a pena assistir ao novo Superman?

Fui à pré-estreia do novo Superman sentindo que as chances de odiar o filme seriam grandes. Será que ainda tinham algo novo pra dizer sobre um personagem tão conhecido? A resposta é: até que sim, mas definitivamente esse filme não é sobre superpoder. É sobre sentimento, pertencimento e escolhas.

Um imigrante, literalmente e simbolicamente

Talvez uma das coisas que eu mais gostei nesse novo Superman seja o jeito como o filme deixa explícito o fato dele ser um imigrante. Não só no sentido literal de vir de outro planeta, mas no jeito como ele não pertence completamente a lugar nenhum. E se você for parar pra pensar ele é, e sempre foi sempre um pouco de fora. Sempre observando e tentando se encaixar. E o filme não trata isso como só um detalhe de origem, mas como parte do conflito. Parte da solidão. Parte da força também.

A sensação de ser “o outro” é constante, e pra quem já se sentiu deslocado alguma vez, seja geográfica, emocional ou socialmente, isso pega muito.

Família também se escolhe

Outro ponto que particularmente me marcou foi a forma como o filme trata a ideia de família. E aqui eu não tô falando só do “família é tudo” de sempre. O filme mostra que, às vezes, família é o que a gente constrói com afeto, respeito e convivência, e não só com DNA. Mostra que nem todo mundo que te deu origem vai estar ao seu lado. E tudo bem.

Isso é sutil, mas está lá. Principalmente em momentos em que o Clark precisa escolher entre laços antigos e princípios novos. Tem peso. Tem verdade.

Ser herói não apaga os dilemas humanos

Talvez o que mais surpreenda quem espera ação o tempo todo é que, nesse filme, o Superman pensa mais do que briga. Ele se questiona. Ele erra. Ele hesita. E isso não o enfraquece como herói, pelo contrário, isso faz dele alguém com quem dá pra se identificar.

O conflito dele não é com vilões superfortes o tempo todo. É com a culpa. Com o certo e o justo. Com o medo de errar mesmo tentando acertar. E com a solidão de ter que decidir sozinho, mesmo quando está cercado de pessoas.

Um pouco de alívio cômico

Uma coisa que também me chamou atenção foi o esforço claro do filme em resgatar o Superman dos quadrinhos, e não só na estética. A vibe mais esperançosa, o jeito gentil, os dilemas morais mais pessoais, até o humor meio tímido… tudo isso parece muito mais alinhado com a versão clássica que a gente conhece das HQs. Depois de tantos anos vendo o personagem sendo retratado como uma figura quase sombria e superpoderosa demais pra ser tocada, é bom ver um Clark Kent mais leve, mais idealista, mais “gente”, mas ainda assim profundamente heroico.

O que também ajudou foi ter ao seu lado o Krypto, um cachorro com super poderes e que é fofo sem ser bobo, e ver a relação dele com o Superman aquece o coração. Isso faz com que o filme não seja tão denso o tempo todo, dá pra rir, respirar e até suspirar.

O que acho que não funcionou tão bem assim

Apesar de todos esses acertos, o filme ainda tem dificuldade de confiar no próprio público. Às vezes explica demais, entrega tudo mastigado, como se tivesse medo de que a gente não entendesse nas entrelinhas. Isso tira um pouco da potência de algumas cenas que poderiam ser mais silenciosas, mais sentidas.

E aí? Vale assistir?

Vale. Especialmente se você gosta de filmes de herói que não falam só de força física. Esse aqui fala de pertencimento, de memória, de escolhas difíceis e de encontrar amor e apoio fora dos padrões esperados.

Ah, e se você já teve que aprender a ser forte em silêncio… talvez esse Superman fale direto com você.

Já assistiu ao filme? O que achou? E se ainda não assistiu, quais as expectativas?