Antes de mais nada: este post foi escrito por mim, mas pensado a duas cabeças (a segunda é o Felipe, e não, não venha com saliências pra cima de mim). E honestamente? Ainda bem. Porque se tem algo que define o RPG de mesa é exatamente isso — o trabalho coletivo, as ideias que se misturam, o caos criativo que funciona quando jogado em grupo.
O que é RPG, afinal?
RPG é a sigla pra Role-Playing Game, ou, em bom português, Jogo de Interpretação de Papéis. Na prática, é aquele rolê em que um grupo de pessoas se junta pra contar uma história — só que ao invés de só ouvir ou assistir, você é parte dela. Você cria um personagem com nome, motivações, habilidades, defeitos e joga com ele, como se fosse você. Às vezes você é um guerreiro corajoso enfrentando dragões. Outras, um goblin vendedor de miçangas. A vida é cheia de surpresas.
Vai me dizer que tu nunca fingiu ser um Power Ranger (sou a amarela, obviamente) ou uma Winx numa brincadeira de infância? RPG é, basicamente, isso. A diferença é que agora a gente tem ficha, dado… e o fator decisivo: a sorte. É a infância com planilha e tensão dramática.
É tipo um jogo de tabuleiro? Mais ou menos. Tem dado, tem ficha, tem regras. Mas também é sobre tomar decisões, improvisar falas, encarnar papéis. É tipo teatro? Às vezes. Mas ninguém precisa saber atuar. É mais sobre se deixar levar. Confia: não tem jeito “certo” de jogar — tem o jeito que funciona com o teu grupo.
O que me encantou no RPG — e aqui falo com todas as letras — foi perceber que ele é, acima de tudo, um lugar seguro pra criar. É um tipo de liberdade criativa que poucas mídias te dão. Foi no RPG que eu entendi que contar histórias em grupo pode ser tão poderoso quanto escrever sozinha. E talvez mais divertido também.
E se você já pensou “mas eu não sou criativo(a) assim”… calma. Você não precisa ser. RPG é uma coisa que se aprende jogando. É jogo, é caos, é bagunça e emoção. E quando acerta — mesmo num erro crítico — é mágico.

RPGs digitais — a ponte para o mundo da imaginação e dos dados
“Ah, mas eu só jogo jogo online!” Ué, então tu definitivamente já jogou algum jogo que bebeu (ou se afundou) na fonte do RPG de mesa. Seja claro: muitos dos jogos eletrônicos que amamos hoje nasceram inspirados no RPG tradicional.
Um ótimo exemplo é o Baldur’s Gate III — que ganhou o título de Jogo do Ano em 2023 — e que traz toda aquela vibe clássica de RPG com escolha de personagens, exploração e um mundo gigantesco pra você perder horas (ou anos) da sua vida. E claro, não posso deixar de citar The Witcher, um dos favoritos dos fãs, que também será assunto no nosso futuro “Revisitando Franquias”.
Esses jogos digitais são como a porta de entrada para o RPG de mesa: eles trazem a imersão, o drama, o desenvolvimento de personagem, mas tudo na tela do seu computador ou console.
E se você acha que não tem nada a ver com tudo isso, pensa bem: a maioria dos RPGs eletrônicos tira sua essência das aventuras narradas, das decisões coletivas e da criatividade que rola na mesa com os amigos.

A experiência jogando
Pra vocês terem ideia de como é doidera jogar RPG, vou apresentar um dos personagens que já usei numa mesa de D&D (não um dos melhores, mas o suficiente pra ilustrar): eu era um goblin bardo que gostava de tocar o terror num monastério… tudo porque era apaixonado por um monge. Jogar com ele rendeu altas risadas e histórias malucas! (RIP Jockey, saudades)
Não importa se você acha seu personagem ou a backstory meio boba — todo mundo consegue se aprofundar e criar conexões com seus personagens, independente do quão doidos eles sejam.
Uma das sessões que nunca vou esquecer foi quando o paladino e o bárbaro tomaram uma poção do amor e ficaram grudados o tempo todo, fazendo juras de amor que duraram até o fim da sessão — que quase terminou em sacrifício e tragédia para os pombinhos!
Essa mistura de caos, risadas, emoção e até umas tretas é exatamente o que torna o RPG tão especial e viciante.
Recomendações para quem enfia o pé na água antes de entrar no chuveiro
Se você é do tipo que gosta de experimentar antes de se jogar em algum novo hobby, separei aqui quatro produções incríveis — todas com vibes bem diferentes — pra você conhecer e mergulhar nesse universo. E claro, com uma mini explicação de cada uma pra facilitar a escolha:

Mighty Nein – Critical Role
Disponível no YouTube
Campanha 2 | 141 episódios | Idioma: inglês (com legendas em PT)
Critical Role foi o estalo que fez o RPG de mesa explodir no mundo dos streams. Comandado pelo carismático e genial Matt Mercer, a mesa conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo com histórias épicas, interpretações impecáveis e personagens que ficam com você por anos.
O sucesso foi tanto que a primeira campanha do grupo foi adaptada para uma série animada da Amazon Prime: The Legend of Vox Machina, que ajudou a apresentar o universo do RPG a um público ainda maior. Mas polêmicas à parte, a minha campanha favorita é a segunda: Mighty Nein.
Então, se você curte campanhas longas, quer acompanhar o crescimento emocional (e às vezes destrutivo) dos personagens e ama o clássico D&D 5e, essa é a sua escolha. E claro, não posso deixar de exaltar Jester, personagem da maravilhosa Laura Bailey — ela tem algumas das cenas mais icônicas da campanha e plays tão insanas que eu já precisei pausar o episódio pra gritar: “NÃO É POSSÍVEL!”. Uma verdadeira inspiração caótica e carismática.

Fantasy High – Dimension20
Disponível em Dropout TV (temporada 1 gratuita no YouTube)
3 temporadas | Idioma: inglês (com legendas em PT)
Se o Critical Role é a ópera épica do RPG, Dimension20 é a comédia afiada que sabe exatamente onde acertar no coração — e na gargalhada.
Sob o comando de Brendon Lee Mulligan, um dos mestres mais carismáticos da cena, Fantasy High entrega tudo: caos, coração e uma narrativa que flui com leveza sem abrir mão da profundidade. É basicamente uma aula de como contar histórias e se divertir com a mesa (e com a audiência).
Caso o seu rolê seja um D&D mais moderno, criativo e acessível? Essa é a sua pedida. O sistema base é o Dungeons & Dragons 5e, mas com aquelas modificações e regras caseiras da casa/ mesa que deixam tudo mais dinâmico — e imprevisível. E sobre personagens inesquecíveis: Gorgug, o bárbaro introvertido e doce vivido pelo Zac Oyama, roubou meu coração logo no primeiro episódio. Simplesmente impossível não amar.
Ah, e se você curtir o clima da mesa, recomendo fortemente assinar o Dropout TV — tem muita campanha e conteúdo legal por lá (ainda não é publi, mas estamos sempre abertos rs).

Ossos Afogados – Formação Fireball
Disponível no YouTube
8 episódios | Idioma: português
Aqui no Brasil, não dá pra falar de RPG sem mencionar o Tormenta20 (ME NOTA JAMBÔ!!!)— e, claro, as campanhas incríveis do Formação Fireball, lideradas pelo icônico Mestre Pedrok (sou fã assumida!).
Ossos Afogados é uma campanha mais curtinha, perfeita pra quem quer começar devagar, entender o ritmo e mergulhar na vibe de uma boa mesa de RPG. A ambientação, o clima e a narrativa se destacam, mas o que brilha mesmo é o fator acessibilidade: tudo em português, o que ajuda MUITO na imersão, especialmente pra quem está começando.
Além disso, o sistema Tormenta20 é inteiramente nacional, com um universo riquíssimo, personagens marcantes e uma comunidade apaixonada. E nas mãos do Pedrok, a coisa simplesmente acontece — ele narra com alma, humor e uma condução digna dos grandes mestres. Uma campanha divertida, direta ao ponto e que mostra com clareza como é a dinâmica real de uma mesa: aquela mistura de emoção e risadas que a gente tanto ama.

A Ordem Paranormal – Ordem Paranormal
Disponível no YouTube
4 temporadas + 2 spin-offs | Idioma: português
E claro, o fenômeno da cultura gamer brasileira: Ordem Paranormal, liderado pelo streamer Rafael Lange aka Cellbit, com um sistema 100% nacional, distribuído pela Jambô Editora (a mesma de Tormenta, rainha demais!). Uma obra que popularizou o RPG pra uma nova geração, misturando mistério, ação, drama e um toque sobrenatural.
Pra quem curte suspense, investigação, rituais, bizarrices e aquele clima de “algo não está certo aqui”, esse é o seu bilhete de entrada pro universo de Ordem. E pra quem já é burro velho de RPG, a vibe lembra Call of Cthulhu (meu sistema favorito, inclusive), com aquele gostinho de perigo iminente o tempo todo.
A lore criada por Cellbit é rica, emocionante e muito bem interpretada — e o mais legal é ver como os personagens vão se desenvolvendo com o tempo, especialmente com a presença de streamers famosos da comunidade, o que aproxima ainda mais o público.
Recomendo maratonar tudo, mas minha temporada favorita segue sendo “O Segredo na Floresta” — de arrepiar do início ao fim. Um marco no RPG nacional.
Lembrete amigo do Side Quest!!!
Você não precisa de produções mirabolantes ou mesas com edição cinematográfica pra jogar RPG com seus amigos. Essas campanhas são feitas por criadores de conteúdo profissionais, então nada de ficar se comparando, hein!
Jogue como quiser, com a narrativa que tiver, no improviso, com papel e caneta ou app no celular. RPG é sobre imaginação, caos e o principal, diversão!
(E fica o spoiler: vem aí um post só sobre regras básicas e a dinâmica entre mestres e jogadores. Fica ligado!)

Considerações Finais
E assim a gente vai entrando nesse mundo que mistura imaginação, estratégia, risadas e até uns dramas dignos de novela — tudo em torno de um dado rolando. Se você achou esse universo interessante (ou ficou curioso pra entender como funciona na prática), fica ligado aqui no Side Quest que vai trazer uma série de posts explicando como jogar.
Além disso, criamos uma abinha especial lá no nosso Discord pra trocar ideia, tirar dúvidas e falar tudo sobre RPG — então, se ainda não faz parte, bora entrar!
E, claro, quero saber de vocês: qual foi a aventura de RPG mais insana que já viveram? Conta pra gente nos comentários ou manda um direct! Vamos trocar histórias, dar dicas e, quem sabe, até montar uma mesa virtual para jogarmos juntos!
Respostas de 5
Eu e minha esposa jogamos, mas no momento estamos jogando só RPG textual, mas a Steph até já mostrou uma mesa com uma história one shote para mim e para uns amigos nossos.
Tá cada vez mais difícil achar mesas bacanas, tem que aproveitar mesmoo!
EU AMO RPG, qualquer dia desses podíamos fazer uma mesa online né? Seria muito maneiro!
RPG é uma paixão minha também!! Já já abrimos uma seçãozinha especial dedicada no nosso Discord para abraçar os amantes de RPG!
Desbloqueei uma memória aqui: aos 16 anos eu entrei em um grupo do whatsapp para jogar RPG textual e tudo aconteceria em Hogwarts kkkkkkk era muito legal e a galera se empenhava. Tenho curiosidade para jogar um de mesa ou online. Se for rolar um, me convidem!