Feliz atitude nova!

2018 começou há quase um mês, mas só agora, depois de esperadas e merecidas férias, me senti realmente pronta para começar um ano novo.

Por mais incrível que pareça tudo nessa virada foi diferente, desde o fato de termos uma ceia de última hora com a casa praticamente vazia, até o clima que era de despedida (literalmente) não só do ano mas da minha irmã, a caçula da casa que além de tudo, por 5 anos foi minha companheira de blog e agora está se aventurando em uma vida nova nos EUA.

Aproveitei os dias de férias e fora da rotina, como há muito tempo não tinha, para refletir um pouco sobre algumas mudanças que quero para minha vida. Sinceramente, não acredito em “metas” de ano novo e por isso queria só definir objetivos, dentre eles o de prestar mais atenção em mim para que alguns conflitos internos pudessem ser resolvidos.

Ao postar a foto acima no Instagram, com a seguinte legenda: “Férias cheias de amor, principalmente próprio. Aprendendo a deixar de lado os traumas e gostar do meu corpo como ele é”,  recebi um comentário particularmente interessante, me pedindo pra falar um pouco sobre esse processo de aceitação e sobre meus traumas, o que resolvi relatar (de forma bem resumida) nesse primeiro post do ano como forma de desabafo e de um marco para novos caminhos.

Sou a filha mais velha de 4 irmãos, com o pai servidor público e mãe professora o que nos fez ter uma vida sem muitas regalias mas com muito amor. Viemos para Palmas em 1994, saindo de uma das maiores capitais do país, Belo Horizonte, em busca de uma vida melhor, coisa que eu levei anos para entender.

Fui bolsista em uma escola particular, a maior da cidade até então, mas enquanto todos os da classe tinham materiais escolares, tênis e outras coisas da moda, comprados em suas viagens de férias, eu tinha minhas roupas confeccionadas pelos meus pais e avós e materiais mais simples, e por esse motivo era alvo de bulling por parte dos coleguinhas desde muito cedo.

Ao entrar na pré adolescência aprendi a deixar estas questões de lado, mesmo assim os problemas só se agravaram. Eu era a mais alta e a mais magra da turma, com os dentes separados e o cabelo com bastante volume. Recebi diversos apelidos maldosos, era excluída dos grupinhos, dos convites para festinhas me tornando aquela que sempre faz os trabalhos “em grupo” sozinha. Eram coisas pequenas, mas que me faziam sofrer bastante, e foram parte do que me levou a desenvolver depressão diagnosticada aos 12 anos e ter um princípio daquilo que só quase 15 anos depois descobri serem crises de síndrome do pânico.

Com 10 anos, quando o bulling a respeito da minha magreza, dentes separados e cabelo volumoso começou.

Comecei nessa época a me fechar para o mundo: só me vestia com roupas largas e compridas para esconder meu corpo, não sorria para não mostrar os dentes que meus pais não tinham dinheiro para me ajudar a arrumar, emagreci mais ainda por conta de crises de ansiedade que me impediam de comer, chegando a ser considerada anoréxica e bulímica e só me relacionava com pessoas tão (ou mais) problemáticas como eu era na época (3 longos relacionamentos, num período de 12 anos, em que eu era vítima de abusos, desde psicológicos até financeiros e físicos). A depressão e os transtornos que vieram ligados à ela aumentaram a ponto de eu chegar a largar a escola durante o ensino médio e mais tarde trancar a faculdade (mais de uma vez) para fazer tratamento.

Em 2009, durante o tratamento para depressão e para engordar.

Mesmo com todos os problemas me considero uma pessoa MUITO forte, por conseguir aguentar firme e por conquistar minhas coisas em meio ao turbilhão que era (e às vezes ainda é) a minha cabeça. Fiz tratamento psicológico; uma dieta para engordar um pouco; passei em um concurso público; comecei a investir meu tempo e salário em coisas que sempre quis e meus pais não podiam (por mais que quisessem muito) me oferecer e em mudar pequenas coisas na minha aparência ou modo de vestir, que me faziam sentir mais confiante; troquei de curso na faculdade; criei o blog, comecei a estudar moda e a me vestir de acordo com o meu gosto e estilo e não mais para me esconder das pessoas; terminei um relacionamento de 5 anos com um cara extremamente abusivo; desencanei com relação ao meu peso e ao fato de eu não ter um corpo de “perfeito”, aceitei que tem coisas sim que eu quero mudar e que não há nada de errado com isso, mas se eu quiser manter meu corpo como está, OK também.

Para 2018 meu objetivo maior sem dúvidas é o de ter mais amor próprio. Sim, meus braços finos e minha barriga estranha ainda me incomodam, tem dias que odeio meus cabelos e dentes, mas estou cada dia mais feliz em simplesmente ser eu, diferente de antigamente quando queria ser igual a coleguinha mais linda e popular, ou aquela atriz da globo.

Obrigada a cada amiga (o) que comenta nas minhas fotos, que me elogia, que me põe pra cima nos dias em que me acho a pessoa mais feia e desinteressante do mundo; a você que valoriza meu trabalho (prova disso é estar aqui lendo esse desabafo e conhecendo um pouco mais sobre mim); obrigada a minha família e namorado que me amam e apoiam incondicionalmente.

E que venha mais amor (principalmente próprio), mais trabalho, mais crescimento e sucesso para todas (os) nós em 2018!

Beijos,

Lu

Gostou? Compartilhe com os amigos:

...Navegue pelas Tags...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *